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Estadao: Falhas de medição invalidam tese do aquecimento global, diz cientista

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010 |

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Eu já conhecia este relatório, mas estou surpreso pela sua cobertura na BBC Brasil e ainda mais no Estadao:




Um cientista entre os chamados "céticos do aquecimento global" defende que boa parte dos dados que apontam o aumento da temperatura do planeta devem ser ignorados porque milhares de estações de medição espalhadas pelo mundo estão sendo afetadas por condições que distorcem os seus resultados.

O meteorologista Anthony Watts afirma em um novo relatório que "os dados sobre a temperatura global estão seriamente comprometidos porque mais de três quartos das 6 mil estações de medição que existiam no passado não estão mais em funcionamento".

Watts acrescenta que existe uma "grave propensão a remover estações rurais e de altitudes e latitudes mais altas (que tendem a ser mais frias), levando a um exagero ainda maior e mais sério do aquecimento".

O relatório intitulado Surface Temperature Records: Policy Driven Deception? (algo como "Os Registros das Temperaturas da Superfície: Mentira com Motivação Política?", em tradução livre) foi publicado de forma independente, e não em revistas científicas - nas quais os artigos de um autor passam pelo crivo da análise de colegas.

Mas outros pesquisadores apoiam a análise de Watts, incluindo o professor de ciências atmosféricas John Christy, da Universidade do Alabama, que já esteve entre os principais autores do IPCC - o painel da ONU sobre mudanças climáticas.

Evidências

Entre as evidências citadas por Watts para defender sua tese está uma foto que mostra como a estação de medição no aeroporto de Fiumicino, em Roma, está posicionada atrás da pista de decolagem, recebendo os gases aquecidos emitidos pelas aeronaves.

Outra estação de medição está instalada dentro de um estacionamento de concreto na cidade de Tucson, no Arizona.

Essas são situações que, segundo o cientista, afetam o uso dos solos e a paisagem urbana ao redor da estação, refletindo muito mais as mudanças nas condições locais do que na tendência global da Terra.

Na América do Sul, o pesquisador afirma que as estações que medem a temperatura nas altas altitudes deixaram de ser consideradas, levando os cientistas a avaliar a mudança climática nos Andes por meio de uma leitura dos dados na costa do Peru e do Chile e da selva amazônica.

Para o pesquisador, estas falhas tornam "inútil" a leitura dessas medições colhidas em solo. Watts sustenta que o monitoramento via satélite é mais exato e deveria ser o único adotado.

Homem e meio ambiente

O debate provocado pelo professor é lenha no fogo da discussão que opõe cientistas para quem o aquecimento global, se existe, é um fenômeno natural - e tem precedentes na história da humanidade - e cientistas para quem o efeito é causado pelo homem e acentuado pelas emissões de gases que causam o efeito estufa.

Nos últimos anos, os cientistas que alertam para as causas humanas por trás do aquecimento conseguiram fazer prevalecer sua visão, sobretudo no Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) da ONU, que recebeu inclusive um prêmio Nobel da Paz.

Em uma espécie de "contra-ataque dos céticos do aquecimento", o órgão da ONU foi obrigado no início deste ano a admitir que se equivocou em um dado que apontaria para a possibilidade de as geleiras do Himalaia derreterem até 2035.

No fim de semana, o cientista por trás deste equívoco, Phil Jones, disse à BBC que seus dados estavam mal organizados, mas que nunca teve intenção de induzir ninguém ao erro.

Jones, que é diretor da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia, disse estar "100% confiante" de que o planeta está se aquecendo e de que este fenômeno é causado pelo homem.

O cientista afirmou ainda que as disputas entre os pesquisadores - a "mentalidade de trincheiras", como ele se referiu - só prejudicam a discussão objetiva da questão

Fontes:
Estadao: Falhas de medição invalidam tese do aquecimento global, diz cientista

4 comentários:

Iara Padula - Conexão Sirius disse...

Eu também fiquei surpresa com a reportagem no Estadão. E mais, minha amiga me falou que saiu uma reportagem sobre o assunto na Veja. Aí fiquei pensando... por que será? Tipo, a coisa degringolou de um jeito que eles foram obrigados a reportar o assunto, ou tem alguma coisa aí? hehehe... quando a gente se informa sobre essas conspirações não consegue confiar em mais nada, né não? hehe
abraços

Suu disse...

Oii! Como sempre, eu aqui lendo o seu blog.
Bom... eu só não comento em quase nada xD Hoje apenas resolvi te agradecer mesmo. Obrigado por buscar informações e partilhá-las conosco.
Sei que é complicado, afinal você está indo contra a maré e essa maré inclui família, amigos e toda uma sociedade cega que parece o tempo todo pronta para atacar.
Bom, é isso... eu agradeço de coração.
=)

Diogo disse...

Também teve aquela entrevista na Band com o meteorologista Luiz Carlos Molion, que ate foi postada aqui no site. Muito boa

GAlex disse...

De fato esta é uma briga complicada e técnica. Nós, meros mortais, não temos condições de questionar tais assuntos, mas discutí-los e duvidar das posições oficiais da mídia e governo. Infelizmente, nosso Estado não está a favor da população e dos interesses nacionais, mas obedecem à logica da grana ($$$) externa e interessada. Acredito, como pesquisador do clima urbano, que há uma razão nas posições de Molion e Watts, de fato nossas cidades estão aquecendo, mas é muito mais um fenômeno local, do que global. Existem, numa mesma cidade, pontos com diferenças de mais de 4ºC, devido à impermeabilização, ausência de água e vegetação. Sobre o asfalto, temos temperaturas acima de 10º de diferença de uma área gramada sobre uma sombra de árvore. Na minha opinião especulativa e não científica, há um interesse dos EUA e Europa em mudar a matriz energética anti-petróleo, mas sem uma mudança ideológica da população e mídia, ficaria muito difícil combater o sistema industrial e trilionário do petróleo. A eco-eco-sustentabilidade é conveniente, ao passo que se diminui a dependência do petróleo externo (áreabe/boliviano/russo), mas deve-se mudar todo o sistema industrial e de consumo antes, quebrando muitas empresas e grandes corporações... Mas para nós, se o Brasil se antever tecnologicamente, poderá ser positivo. Pensem nisso!
Abç

 
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