Regra geral, as discussões relacionadas ao que
Edward Snowden revelou sobre a vigilância eletrônica global[1] praticada pelos EUA têm-se resumido a violações de direitos humanos e interferência ilegal na vida privada de milhões, em diferentes partes do mundo. Se fosse só isso, a Casa Branca não se empenharia tanto em arquivar tanta coisa nem poria a questão da extradição de Snowden como principal item de discussões entre estados, nem iria ao ponto de cancelar reuniões internacionais de cúpula. Barack Obama assustou-se, a ponto de cancelar sua participação em fóruns internacionais, como se viu recentemente no caso da reunião de cúpula dos países APEC, por exemplo.
A causa dos temores dos EUA é outra: Snowden revelou ao mundo a extensão do controle exercido sobre países e povos, um movimento que modifica o próprio modo como se percebe o mundo contemporâneo e reforça o ânimo e os esforços da humanidade “sob observação e teste” para buscar meios para se autopreservar e defender-se contra essas ações daninhas.
Muitos creem que Edward Snowden não teria revelado nada que já não se soubesse, ou do que já não se desconfiasse há muito tempo. Mas o que chama a atenção é a escala da invasão, que deixa boquiabertos até os especialistas profissionais.
O principal é que, dessa vez, o que se vê no radar do mundo não são "conjecturas conspiracionistas", nem histórias montadas por marginais, mas documentos genuínos, de pleno valor legal, produzidos para que todos sejam informados.
Há muitas definições para o termo “geopolítica”, e todas elas se resumem, na noção de que há uma ciência dedicada ao controle sobre terra e mar e, atualmente, também ar e espaço. Hoje, se têm de acrescentar à lista também a informação e o ciberespaço, o que exige um tipo de controle diferente do que o que se aplicava aos domínios tradicionais.