Os especialistas em desenvolvimento tecnológico estão começando a conceber como será o futuro do sexo e algumas das imagens que nos transmitem, podem ser chocantes... e não falamos apenas de robôs sexuais.
Um recente artigo publicado pelo jornal britânico The Independent nos fala que alguns destes conceitos e ideias, que embora nos sejam apresentados como piadas ou uma curiosidade tecnológica, realmente nos convidam a pensar em profundidade sobre o sentido que terá nossas vidas no futuro.
A seguir, oferecemos os trechos mais interessantes do artigo e concluímos fornecendo nossas próprias reflexões, pois, o artigo esboça alguns aspectos realmente inquietantes...
O crescimento do mercado mundial de bonecas sexuais, o qual alcançou 15 milhões de dólares, evidencia uma atitude cada vez mais aberta à introdução da tecnologia nas relações sexuais.
Por esta razão, o FutureFest de Londres, um evento anual desenvolvido para explorar como impactar a tecnologia na sociedade nos próximos 10 ou 30 anos, se concentrá este ano em estudar o auge da inovação científica e tecnológica do mundo do sexo e das relações.
E estes especialistas em tecnologia preveem que os brinquedos sexuais à nossa disposição hoje, representam somente o início da grande transformação que o mundo experimentará nas relações sexuais em um futuro não muito distante.
Desde tecnologias que permitirão conhecer a compatibilidade de DNA de uma potencial parceira com quem queira manter compromisso, até a criação de todo tipo de artifícios tecnológicos que permitirão às pessoas estimular-se uns com os outros sem o inconveniente de ter que estar na mesma casa. A esperança é que todos estes novos produtos sirvam para cimentar as relações e tornarmo mais felizes no campo do sexo.
No entanto, há outras pessoas que veem com receio o desenvolvimento de todas estas tecnologias, as quais interpretam com uma intenção de substituir o contato humano, acabando por depender de máquinas para nossas relações sexuais.
Algumas tecnologias sexuais do futuro
Encontros por DNA
Ao invés de encontros em salas lotadas ou de estabelecer encontros fugazes através de apps de celulares, os futuros pombinhos poderão ser capazes de deixar a tarefa de encontrar seu verdadeiro amor para um teste de DNA e um algorítimo que encontrará o partido mais viável em termo de aparência.
Meu noivo é um holograma
Esta caríssima tecnologia já existe e permite plasmar uma versão holográfica do amante em sua sala de estar. Dentro de uma década se prevê que a tecnologia holográfica será suficientemente barata para tomar uma bebida ou jantar com o parceiro (holográfico), mesmo que ele ou ela estejam do outro lado do mundo.
A internet dos genitais
Se na internet das coisas conectam geladeiras e televisores à web, podemos esperar que será feito o mesmo no campo da sexualidade. Os tecnológicos antecipam que a fabricação de implantes ou tecnologia portátil permitirá aos amantes enviar-se impulsos eróticos entre si a qualquer momento do dia, redefinindo o conceito de "romance de escritório".
Realidade virtual
Ela já começou a ser oferecida na indústria do entretenimento adulto, mas a futura realidade virtual irá muito mais além e terá múltiplas possibilidades. Por exemplo, casais poligâmicos podem ligar fones de ouvido para encontrar outros casais virtuais.
Ghislaine Boddington, encarregada da seção 'amor do futuro' da FutureFest que será realizada em setembro, afirma:
"O objetivo é buscar coisas que ainda não existem, mas que sabemos que teremos em um período máximo de 30 anos e ampliar os horizontes".
Ghislaine Boddington
"A forma que nos conhecemos ou interagimos com as pessoas pela primeira vez, pode muito bem acabar implicando em um relacionamento com um holograma ou uma janela virtual aberta no dormitório de seu noivo. E a forma que damos lugar uns aos outros, se transformará. Se podemos enviar um email entre nós mesmo, ou imagens e sons, por que não pensar que nos podemos enviar vibrações ou contato? O mundo da Internet dos Genitais, possui um amplo caminho para explorar, mediante a criação de dispositivos que serão conectados aos nossos corpos, uns aos outros, até mesmo no interior dos nossos corpos."
Atualmente, já existem alguns artefatos "primitivos", como produtos que re-transmitem os batimento cardíacos de um companheiro sob o travesseiro, até artefatos sexuais controlados á distância com um app de smartphone, mas os desenvolvedores estão considerando tecnologias muito mais sofisticadas, como implantes que poderiam ativar-se quando um membro do parceiro pensar no outro.
Quando falamos de brinquedos sexuais, nos vem à mente que artefatos sólidos como os que dispomos hoje em dia, mas para o futuro, falamos de brinquedos sexuais em forma líquida ou forma de gel, que conterão em seu interior milhões de robôs microscópicos ou nanorobôs, que serão aplicados em cada membro dos parceiros em suas áreas erógenas e que serão utilizados para estimular-se um ao outro, uma vez que os nanorobôs estarão conectados à Internet e responderão ás instruções enviadas pela rede de forma instantânea.
Boddington afirma: "Os parceiros poderão estimular-se entre si mediante um gel repleto de robôs microscópicos conectados à Internet e poderão sentir o orgasmo do outro e melhorá-lo. É um conceito de trabalho pioneiro que está sendo desenvolvido".
A realidade virtual, que começa a ser usada na indústria da pornografia, se tornará em algo muito maior, talvez com a adição de trajes corporais capazes de estimular todo o corpo, como uma segunda pele.
Segundo Boddington: "Podemos pensar nos benefícios que esta tecnologia oferecerá em situações nas quais as pessoas tem que estar longe de suas famílias durante longos períodos de tempo para trabalhar. A Capacidade de continuar mantendo um contato íntimo fortalecerá ou preservará as relações. Também poderia ajudar as pessoas a conhecerem grupos, por exemplo, homossexuais ou transexuais, em comunidade ou países onde é reprimido ou onde é difícil conhecer outras pessoas com suas inclinações sexuais."
No entanto, os pesquisadores advertem que o desenvolvimento destas tecnologias deveria sustentar-se em um debate sobre ética e moral.
Os críticos têm expressado sua preocupação, pois à medida que a tecnologia avança e as necessidades humanas se adaptam à ela e vice-versa, as pessoas estarão cada vez mais tentadas a renunciar o trabalho de estabelecer relações com humanos.
Por exemplo, já se prognostica a existências de prostitutas robôs para o ano de 2050.
Uma preocupação mais urgente, no entanto, é a transferência de práticas criminosas ou potencialmente criminosas, como a pedofilia, assédio ou estupro em áreas com realidade virtual.
Boddington afirma: "A realidade é que 99% das pessoas vão querer participar de uma vida sexualmente positiva. Mas a sociedade tem que colocar regras sobre como devem se comportar no mundo virtual. O lado obscuro da sexualidade será mantido e necessitamos de um debate profundo sobre a ética e a forma de vigiar o comportamento humano em tais ambientes".
Fonte: The Independent: Future sex: A brave new world of hi-tech goo and virtual reality
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A verdade é que algumas das afirmações que Ghislaine Boddington neste texto, chamam a atenção poderosamente.
Por exemplo, ela nos diz que os benefícios destas tecnologias são para 'parceiros que estão distantes', ou diretamente para 'pessoas que estão distantes de suas famílias'.
Cabe destacar que nestas afirmações, a especialistas em tecnologia mostrou ter pouca flexibilidade mental, ou, demonstrou-se como uma hipócrita que tenta nos vender as maravilhas de uma tecnologia que na realidade oferece muitas dúvidas sobre o futuro de nossas relações humana.
Pensar sobre o conceito de 'família' ou 'parceiro' quando estamos falando do desenvolvimento de tecnologias que potencialmente alterarão nossa concepção de sexo e relações, é não compreender até que ponto a própria tecnologia moldará nossas relações e a própria sociedade no futuro.
Há 100 anos, quando nossa sociedade estava ainda constrangida pelos valores morais estritos e religiosos, quando o desenvolvimento econômico de um indivíduo e de sua descendência se baseava na criação de um núcleo familiar e quando o contato e a comunicação com as outras pessoas era obrigatoriamente presencial, o sexo ficava principalmente circunscrito no âmbito familiar ou da prostituição, a qual crescia de forma potencialmente discreta.
Atualmente, o contato entre as pessoas é infinitamente mais fácil e aberto, devido à evolução da sociedade, liberdade e independência da mulher e o acesso à tecnologias que nos peritem contactar com grande quantidade de pessoas facilmente.
Hoje em dia, uma pessoa não precisa ter um parceiro estável ou estar casado para manter relações sexuais e isso explica a crescente proliferação de pessoas que vivem sós, os famosos solteiros, ou a crescente flexibilidade das relações de parceiros.
A família, já não é o centro neurálgico da vida sexual.
Assim, torna-se absurdo pensar em relações de parceiros no futuro, quando o conceito de parceiro ou família tende a ser cada vez menor; além disso, devemos acrescentar a ele o desenvolvimento de tecnologias de Realidade Virtual, combinadas com a Inteligência Artificial ou o desenvolvimento, já em marcha à nível conceitual, de chips implantados em nossos cérebros que nos permitirão conectarmos à Internet com a mente e que poderiam inclusive, permitirmos projetar uma realidade aumentada ao nosso redor, alterando diretamente, nossa percepção da realidade física.
Não precisa imaginar muito para dar-se conta que inclusive os robôs sexuais, são um conceito antiquado na atualidade.
Acreditamos que o conceito de robô sexual é antiquado porque seu desenvolvimento corre paralelamente com a evolução da Realidade Virtual e com o auge imparável da Inteligência Artificial.
Veja: o que tornará um potencial robô sexual em algo 'sexualmente atraente', não será sua presença física apenas, mas sua conduta e personalidade, próxima a de um ser humano, atuando sob nossos estímulos e necessidades. E isso implica necessariamente, que ele deverá ser dotado de uma Inteligência Artificial evoluída e não limitar-se a ser apenas um boneco inexpressivo que se move roboticamente e cujos orifícios ou apêndices vibram alegremente.
E já que é previsível que o desenvolvimento da realidade virtual e a possibilidade de que ela responda nossos sentidos serão mais rápidos que o próprio desenvolvimento da robótica (a qual, atualmente, já vemos não evoluir tão rápido como muitos acreditavam), é previsível que o tempo que convivermos com os robôs sexuais será bem curto, pois as próximas gerações preferirão mergulhar nas maravilhas de um encontro virtual fantástico que os rodeie por completo do que os da realidade.
E parece estranho que estes 'especialistas em tecnologia' não nos digam algo óbvio: talvez não o façam para não nos assustarmos, mas está claro que no futuro, grande parte das relações sexuais ocorrerão com seres completamente virtuais; personagens fictícios criados por desenvolvedores; puro software que será mais barato de criar, copiar, reproduzir e atualizar do que os caríssimos robôs físicos, que também deveriam estar dotados desse mesmo software para tornarem-se funcionais.
Se eles falam de desenvolvimento de nanorobôs que penetrarão nossas áreas erógenas para dar-nos prazer e compartilhar esse prazer através da Internet com pessoas que estão distantes, é previsível também que a tecnologia poderá ser usada para dar-nos prazer quando mantivermos relações sexuais com personagens da realidade virtual e que esses seres virtuais poderão ser completamente criados por desenvolvedores, ou ser clones de personagens reais famosos, que imitarão seu físico, seus gestos e suas vozes, ou que, inclusive, serão misturas de diferentes personagens famosos, que poderemos compor nós mesmos e baixarmos da web em nosso cérebro ou em nosso dispositivo de projeção holográfica ou de realidade virtual.
"O rosto de Charlize Theron, os lábios de Angelina Jolie, o corpo de Scarlett Johansson e o bumbum da Kardashian...e adicione a voz que gravei e sintetizei de minha vizinha, a qual eu realmente gosto"
Os personagens virtuais que poderão ser projetados na realidade física mediante realidade aumentada ou mediante os hologramas e, combinados com tecnologias como os nanorobôs, ou diretamente estimulando nosso cérebro com microchips implantados, nos farão sentir sensações aparentemente reais que não poderemos distinguir do resto os sentidos.
E tudo que falamos, fica aquém, porque ainda estaremos mantendo relações sexuais virtuais com seres aparentemente humanos "na intimidade de nosso quarto".
Mas os desenvolvedores podem conceber qualquer coisa e a estupidez da moda podem tornar-se algo comum a nível social.
O futuro do sexo pode estar atormentado por monstros de tato fantástico que nos transmitem mil e uma sensações de desejo e repletos de suculentas boca-vaginas ou de tentáculos como pênis que penetre virtualmente em todos os orifícios de nossos corpos.
Talvez, inclusive desenvolvam algorítimos que nos permitam sentir-nos como um desses seres fictícios de outro mundo.
E tudo isso, sem entrar no campo escabroso das paisagens mais estranhas ou diretamente das "perversões sexuais" mais retorcidas, que nos poderiam permitir despedaçar virtualmente nossos parceiros enquanto praticamos sexo, devorá-las enquanto explodem nossos paladares em sabores intermináveis de criação sintética a cada mordida, ou participar de uma orgia maciça e infernal de morte e sexo inconcebíveis agora para uma mente minimamente sã.
É claro, talvez que poderemos passar por estágios intermediários nos quais faremos uso de novos brinquedos em forma de tecnologias como os géis de nanorobôs ou hologramas, os quais se sobrepõem aos atuais conceitos de relação sexual com parceiro no mundo físico.
Mas se ninguém fizer um esforço para impedir o estudo profundo do cérebro humano, e que a tecnologia virtual e a inteligência artificial avancem e transformem a sociedade e a concepção da realidade para com elas, o futuro que podemos esperar é muito mais estranho e inconcebível do que muitas pessoas acreditam na atualidade.
Nós gostaríamos de pensar que no final predominará nosso instinto mais biológico, mas o exemplo das novas gerações em um país tão avançado tecnologicamente como Japão, onde o contato sexual entre jovens está começando a cair cada vez mais em desuso, nos faz pensar que todas estas aparentes fantasias, são muito mais reais do que poderíamos pensar à primeira vista.
Já podemos imaginar um futuro não muito distante, no qual garotos e garotas não se olhem mais como objetos de desejo sexual, por não serem tão perfeitos como os personagens da realidade virtual que podem ser baixados facilmente da internet.
E quem irá querer uma sudorosa e incômoda relação sexual, repleta de compromissos com seres imperfeitos, peludos, fedorentos, flácidos, enrugados, cheios de desejos e necessidades indecifráveis,
quando podemos fazer seres de desenho, praticamente perfeitos, adaptados às nossas necessidades?
Personagens capazes de nos fazer sentir um arrepio na nuca e nos inundar de um estranho calor com suas carícias virtuais sobre nossas áreas mais sensíveis, enquanto nossa vista se enche de fabulosas luzes e nosso paladar se inunda com o doce sabor de um snack de chocolate e aromas afrutados criados pelo melhor 'perfumista virtual'.
Eles e elas poderão baixar sua versão virtual de uma Brad Pitt de 25 anos disposto a deixá-las sem fôlego, ou baixar o clone da Mia Khalifa mais travessa, ajustando o tamanho de seus peitos com um simples movimento de dedos.
E que ninguém duvide: se não baixarmos a versão Premium, já sabemos que no meio do ato sexual, ou inclusive em pleno orgasmo, eles colocarão um anúncio de batatas fritas.
Poderíamos ficar horas e horas deixando a imaginação fluir e irmos muito, muito além...
De fato, convidamos os leitores para que o façam e se quiserem, compartilhem suas paranoias e visões sobre o futuro nos comentários.
O que queremos deixar claro é que estão nos vendendo uma versão muito adoçada e conservadora do futuro da tecnologia, baseada nos parâmetros atuais.
Como dissemos antes, alguém poderia pensar que não querem nos assustar dizendo aquilo que podemos nos tornar.
E talvez o futuro seja um lugar maravilhoso e repleto de possibilidades; um mundo no qual nossa mente viaje por paisagens virtuais infinitas e vida seja uma viagem constante dos limites da imaginação.
Talvez, sendo irracionalmente otimistas e no melhor dos sonhos...
Mas a pergunta chave que devemos começar a fazer desde já é: continuaremos sendo humanos?
O que significa ser humano e o que significará ser-lo no futuro?
Corremos o perigo de destruir nossa natureza mais essencial e acabar nos tornando uma simples exibição de software em um mundo virtual de nossa própria criação?
No que se traduzirão os conceitos da elite, de abuso de poder e autoridade corrupta que atualmente dominam o mundo, quando nos encontrarmos nesse futuro ultra-tecnológico que inundará nossas mentes e que será desenvolvido precisamente sob o império das elites?
E diante de tudo isso, existirá o conceito de identidade individual na mente da colmeia que começa a aparecer no horizonte?
Talvez por trás das luzes inebriantes que nos vendem os futurólogos, se escondem sombras muito escuras, que agora não podemos conceber.
Ninguém pode negar: estamos diante da época mais importante da história humana, o momento no qual o ser humano chegará a redefinir sua própria natureza e tomará as rédeas de sua própria evolução.
Uma época que para muitos pode ser apaixonante, mas que em mãos de pessoas que manejam o mundo atual, promete ser absolutamente terrorífica...
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Um comentário:
Acredito que o pós humanismo será algo fatídico. A exploração e delimitação dos fatos expostos aqui dão cabo disso.
Em algum ponto do futuro, essas mesmas máquinas terão a capacidade de auto melhorar- se, mas possivelmente isso terá um limite, ao chegar nesse ápice, ela poderia decidir-se por unir-se definitivamente ao corpo humano, veja: a natureza tem limitações, mas sempre guarda surpresas criando então algo chamado de inteligência humana expandida. Há suposições de que isso seria mais perigoso que uma arma tática de destruição massa. Extrapolando, alguém com tais poderes poderia gerar ainda um corpo com poder de regeneração acelerada,um cérebro com aparatos de processamento ilimitados, e continuar uma cadeia inimaginável de auto melhoramento. Eu imagino que isso não seria considerado menos humano, do que achamos que somos atualmente.
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