Continuação do post: O materialismo da Igreja ecológica amazônica deixa Karl Marx atrás
Os redatores do Documento Preparatório do Sínodo dos Bispos para a Assembleia Especial para a Pan-Amazônia [outubro de 2019], visam a “conversão pastoral e ecológica” para uma nova religiosidade panteísta.
A analista holandesa Jeanne Smits observa que embora eles não revelem seus nomes, ela acha razoável atribuir a iniciativa, pelo menos em parte, ao Secretariado do Sínodo, presidido pelo Cardeal Lorenzo Baldisseri no próprio Vaticano.
Esses redatores se mostram admirados pela diversidade dos grupúsculos tribais cada um deles afundado em seu primitivismo, sem cultura e com crenças rudimentares peculiares:
“390 povos e nacionalidades diferentes. (...) Cada um desses povos representa uma identidade cultural particular, uma riqueza histórica específica e um modo próprio de ver o mundo e de relacionar-se com este, a partir de sua cosmovisão e territorialidade específica”, diz. (nº 17, id. ibid)
Obviamente esses matizes diferenciadores geram a também admirada multiplicidade de “pajés, curandeiros, mestres, wayangas ou xamãs entre outros”, mencionada no nº 31.
Mas a obsessão anticivilizatória e anticapitalista supera qualquer outra reflexão.
Índios sem contacto com a civilização no Acre.
Mantê-los nesse estado miserável
é objetivo do comuno-tribalismo
“O mal que os fere só tem um nome: colonização”, escreve a jornalista. “Como na Teologia da Libertação, mas na sua versão menos marxista e mais populista, a famosa Teologia do Povo, amada pelo Papa Francisco.
“Trata-se de valorar essas comunidades (...) depositárias de uma riqueza que faz falta nos países civilizados após séculos de cristianismo”, deduz Jeanne.
Da visão idílica da vida indígena, o Documento passa à beligerância contra 500 anos de evangelização e séculos de laboriosa tarefa colonizadora e civilizatória pelos portugueses e espanhóis primeiro, e depois pelas nações sul-americanas.
“Lamentavelmente, diz o Documento Preparatório, ainda hoje existem restos do projeto colonizador que criou manifestações de inferiorização e demonização das culturas indígenas.
“Tais resquícios debilitam as estruturas sociais indígenas e permitem o desprezo de seus saberes intelectuais e de seus meios de expressão.
“O que assusta é que até hoje, 500 anos depois da conquista e mais ou menos 400 anos de missão e evangelização organizadas, depois de 200 anos da independência dos países que configuram a Pan-Amazônia, processos semelhantes continuem se alastrando sobre o território e seus habitantes, hoje vítimas de um novo colonialismo feroz com máscara de progresso” (nº 24, id. ibid)
Dessa maneira o missionário “atualizado”, quer dizer ecologista como o Documento Preparatório o deseja, tem outras metas radicalmente opostas à de seus gloriosos predecessores.
Mons. Clemente Geiger CPPS, Prelado do Xingu
conduz imagem de Nossa Senhora de Fátima para os fiéis.
Na igreja ecológica-tribal isto é uma evangelização condenável
Essas metas, como denunciou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira na obra citada, “consistem em defender estas comunidades indígenas ainda ‘limpas’ do contágio de nossa civilização, isto é, da civilização do egoísmo.
“’Conscientizá-las’ para a excelência da situação em que vivem e para a necessidade de recusarem o estado ao qual as chamam os homens que hoje vão à cata de riquezas e de mão de obra índia na mata, levando dinheiro, cachaça, vícios, máquinas, leis, estruturas etc. de recusarem especialmente o macrocapitalismo multinacional, que quer cultivar a terra e negociá-la.
“A todo preço – alegam tais missionários – cumpre que os índios não sofram, em nosso século, o que já sofreram seus maiores, quando os nossos antepassados brancos aqui vieram ter, e entraram em contato com eles”.
(Plinio Corrêa de Oliveira, Tribalismo Indígena, ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI, Editora Vera Cruz,, São Paulo, 7ª ed., 1979)
A afinidade do Documento Preparatório com a teologia subversiva denunciada dispensa comentário. Ele acrescenta:
“Em sua história missionária, a Amazônia tem sido lugar de testemunho concreto de estar na cruz, inclusive, muitas vezes, lugar de martírio” (nº 25, id. ibid).
Houve gloriosos missionários martirizados por tribos adoradoras de ídolos, algumas canibais e/ou redutoras de cabeças. Eles tiveram mortes atrozes, atiçadas por algum honrado “pajé, curandeiro, mestre, wayanga ou xamã”.
Mas não está na lógica do Documento referir-se a esses últimos, mas sim a subversivos que agitam a região amazônica contra o progresso do Brasil e das nações vizinhas.
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Lago do Acajatuba, Amazonas.
Um abençoado fruto da evangelização condenada pelo Sínodo amazônico.
Jeanne Smits a julga chave esta passagem do Documento Preparatório:
“A cultura dominante de consumo e de descarte converte o planeta num lixão.
“O Papa denuncia esse modelo de desenvolvimento anônimo, asfixiante, sem mãe, com sua obsessão pelo consumo e seus ídolos de dinheiro e poder. Impõem-se novos colonialismos ideológicos disfarçados pelo mito do progresso que destroem as identidades culturais próprias.
“Francisco apela para a defesa das culturas e a apropriação de sua herança, que é portadora da sabedoria ancestral. (...)
“A terra deve conservar-se terra santa: ‘Esta não é uma terra órfã! Tem Mãe!’” (Francisco, saudação à população de Puerto Maldonado) (nº 27, id. ibid).
Em Puerto Maldonado (Peru, janeiro 2018), o Papa Francisco celebrou o que ele qualificou de primeira sessão do Sínodo Pan-Amazônico.
O Documento Preparatório cita abundantemente as palavras do Pontífice e lhe atribui o mesmo pensamento que professa.
Bebe índia enterrada viva, mas resgatada em tempo.
Repetidos casos mostram ser superstição cultual enraizada que desclassifica
devaneios comuno-ecologistas sobre as culturas indígenas.
A propósito da posição contida no nº 27 citado, o Dr. Plinio previu com antecipação de quase meio século: “o menosprezo ou a negação do conceito de Pátria é elemento essencial da doutrina comunista.
“A propriedade tribal não é individual, mas coletiva”.
E cita a D. Tomás Balduíno, um proeminente precursor da atual revolução comuno-indigenista, para quem os índios “vivem uma vida de comunidade, de respeito mútuo, eles vivem uma perfeita distribuição de bens entre si, sem acumulação’ E este é exatamente o elogio que a propaganda comunista faria da sociedade russa, cubana ou de qualquer outro país satélite”.
A “santidade da terra” erigida em espécie de deus imanente não é nova no comuno-tribalismo. O Dr. Plinio já tinha discernido essa crença pagã nas conclusões da 1ª Assembleia Nacional de Pastoral Indigenista:
“Os índios ainda não estão corrompidos por este sistema em que vivemos. A Igreja precisa trazer uma esperança real para o oprimido. (...)
“Os índios já vivem as bem-aventuranças. Não conhecem a propriedade privada, o lucro, a competição. Possuem uma vida essencialmente comunitária em equilíbrio perfeito com a natureza.
“Não são depredatórios, não atentam contra a ecologia. Vivem a harmonia. As comunidades indígenas são uma profecia futura para esse jeito novo de viver, onde o mais importante é o homem” (1ª Assembleia Nacional de Pastoral Indigenista: em debate a situação indígena em nível nacional. “Boletim do CIMI”, ano 4, no. 22, julho-agosto de 1975, p. 7, apud Tribalismo... op. cit.).
A pregação tradicional fez vibrar as almas dos indígenas que fizeram obras de arte,
musical e pictórico surpreendentes.
Na foto, igreja da missão jesuítica de Concepción, em Moxos, Amazônia boliviana.
As colunas são toras entalhadas e pintadas.
A música barroca local levada pelos missionário europeus jesuítas,
assimilada e desenvolvida pelos indígenas civilizados é muito prezada até na Europa.
A missiologia do Documento Preparatório impediria esse progresso cultural nobilitante.
Jeanne Smits fica desconcertada com a expressão do pontífice romano “desenvolvimento sem mãe”. Nela só discerne uma imensa, e quiçá proposital confusão nas traduções.
O Documento Preparatório volta à ideia de que a Terra é a Mãe panteísta que determina o desenvolvimento de cada célula de cada ser que leva em seu ventre.
Mas o Papa, nesse momento em Puerto Maldonado, falava explícita e extensamente da maternidade de Maria, Mãe de Deus. Todo o contrário do que prega o Documento.
A menos que se veja em Nossa Senhora uma alegoria, como podem ser outras deusas pagãs da Mãe Terra, que gera e modela o pan cósmico.
Nessa hipótese, estaríamos diante de uma imensa blasfêmia.
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