Atualmente, o establishment (estrutura de poder financeiro, econômico, político e midiático) norte-americano, ou seja, o 1% que governa o país (com a assistência de outros 9%), está tentando criar uma leitura do que está acontecendo na Ucrânia, onde a responsabilidade pelas tensões – que poderiam desembocar em um conflito mundial – é das aspirações imperialistas da Rússia, presidida pelo sr. Putin, quem a ex-secretária Hillary Clinton e o senador John McCain definiram como o novo Hitler. E mostram a anexação da Crimeia como uma prova irrefutável disso. E os maiores meios de comunicação espanhóis, conhecidos por seu servilismo e docilidade com esse establishment midiático, reproduzem, sem fissuras, tal percepção.
Vamos por partes, começando pela equiparação de Putin a Hitler. Primeiramente, é preciso destacar, como bem afirma o professor Floyd Rudmin (de família ucraniana, certamente), da Universidade de Tromsø, na Noruega, em seu artigo “Viewing the Ukraine Crisis From Russia’s Perspective”, do qual tiro muitos dos dados que apresento neste artigo, o establishment norte-americano (a partir de agora EUA-NSA) sempre chamou seus adversários de Hitler. Hillary Clinton definiu Assad como Hitler, John McCain chamou Fidel Castro de Hitler, George Bush fez o mesmo com Saddam Husein e Donald Rumself também chamou o presidente Chávez, da Venezuela, de Hitler. No passado, figuras dos EUA chamaram de Hitler o presidente Allende, do Chile, Ortega (Nicarágua), Arafat (Palestina)... e uma longa lista de dirigentes. E o último da lista é o sr. Putin.