Jeremy Hammond, hackativista condenado, foi convencido por um informante do FBI a empreender ações de hacking contra vários governos estrangeiros incluindo Brasil. Documentos que comprovam a denúncia estão disponíveis na internet.
Jeremy Hammond, hackativista de 28 anos, foi sentenciado a 10 anos de prisão na 6ª feira por participação no hacking da empresa privada de inteligência Stratfor.
Sabu e consequentemente me usaram para fazer ilegalmente o que não podiam fazer legalmente”
Conforme documento distribuído pelo Pastebin [1], postado pelo importante pesquisador de segurança, Hammond foi convencido por um informante do FBI a empreender ações de hacking contra vários governos estrangeiros. Foi o que ele tentou dizer na declaração que leu na audiência de sentença, na 6ª-feira.
O documento ainda não está integralmente confirmado, mas testemunhas presentes na sala de audiência dizem que quando Hammond estava lendo sua declaração à Corte, a juíza Loretta Preska o interrompeu. As testemunhas dizem que a juíza Preska o interrompeu no meio da frase, depois que ele citou três países – Turquia, Irã e Brasil. A juíza disse:
“Sr. Hammond, acabamos de falar sobre omitir os países. Gostaria que o senhor não citasse países.”
Imediatamente depois de anunciada a sentença de Hammond, o Sparrow Media e outros blogs publicaram o texto de sua declaração[2] – mantendo as omissões que a juíza ordenou, por temer que qualquer ação diferente dessa pudesse prejudicar Hammond.
Uma hora depois de anunciada a sentença, Jacob Appelbaum, conhecido pesquisador de segurança de computadores e associado ao WikiLeaks, distribuiu um documento pelo Pastebin, que se supõe que seja uma versão não censurada da declaração de Hammond ao tribunal.
Conforme o documento do Pastebin, o FBI servindo-se de um informante, entregou chaves a Hammond que lhe permitiram invadir sistemas de computadores de governos estrangeiros. Hammond, sem saber que recebera do FBI aquelas chaves, baixou todos os dados que obteve para um servidor controlado pelo FBI. Os agentes federais repetiram o mesmo processo várias vezes, tomando como alvo vários diferentes países.
Antes que a juíza o mandasse calar, tudo levava a crer que Hammond tentava revelar essa informação e os nomes dos países atacados, na presença da imprensa.
Hammond disse ao tribunal: “Essas intrusões, as quais foram todas sugeridas por Sabu quando já cooperava com o FBI, afetaram milhares de nomes de domínio; na grande maioria eram páginas oficiais de governos estrangeiros”.
Adiante, se soube que Sabu conhecido hacker cujo verdadeiro nome é Hector Xavier Monsegur, era informante do FBI.
“Sabu também forneceu a Hammond listas de alvos vulneráveis a ‘zero day exploits’ usadas para invadir sistemas, inclusive uma poderosa vulnerabilidade de raiz que afeta o conhecido e popular programa Plesk” – afirmou Appelbaum ao Pastebin. “A pedido de Sabu aquelas páginas foram invadidas e os e-mails e bancos de dados descarregados no servidor do FBI que Sabu usava e foram-lhe fornecidas informações de senhas e a localização das “root backdoors”.
Desenhos feitos durante o julgamento por Molly Cabrapple
O documento diz que mais de 2.000 domínios foram atacados entre janeiro e fevereiro de 2012 por instruções do FBI. Brasil, Turquia, Síria, Porto Rico, Colômbia, Nigéria, Irã, Eslovênia, Grécia e Paquistão são nomeados ali como países alvos de ataques e o documento diz que houve ainda outros países. (...)
“Tudo isso aconteceu sob o controle e supervisão do FBI” – diz o documento, que acrescenta que essas declarações são comprovadas em documentos que a defesa de Hammond apresentou ao tribunal durante o processo. A extensão total dos “abusos” cometidos pelo FBI, de acordo o documento, talvez jamais seja revelada, porque muitas das provas exibidas durante o julgamento foram protegidas por uma ordem de sigilo da juíza.
O documento do Pastebin conclui solicitando que todas as provas exibidas durante o julgamento de Hammond sejam tornadas públicas. “Acredito que esses documentos comprovarão que as ações do governo dos EUA vão muito além de caçar hackers e impedir crimes ‘de computador’.”
Ao repórter que lhe perguntou, pelo Twitter, sobre a autenticidade do documento publicado pelo Pastebin, Appelbaum respondeu: “Vazou por gente que sabe. É verdadeiro.”
Embora a autenticidade do documento distribuído pelo Pastebin não tenha sido confirmada e deva ser tratado com extrema cautela, Hammond já fez antes declarações semelhantes sobre Sabu e o FBI.
“O que poucos sabem é que Sabu também foi usado por gente que o controlava, para conseguir invadir alvos que o governo selecionava – inclusive inúmeras páginas oficiais de governos estrangeiros” – Hammond escreveu em agosto para o FreeJeremy.net.[3] “O que os EUA não conseguiam fazer legalmente, usaram Sabu, e consequentemente eu e outros acusados agora no mesmo processo, para fazer ilegalmente”.
Referências:
- [1] Pastebin: Targets supplied by FBI to Jeremy Hammond
- [2] Sparrow Media: Sentenced to 10 Years in Prison, Jeremy Hammond Uses Allocution to Give Consequential Statement Highlighting Global Criminal Exploits by FBI Handlers
- [3]The Daily Dot: Sentencing delayed again for Sabu, LulzSec leader turned FBI informant
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Fontes:
- The Daily Dot: Sentencing delayed again for Sabu, LulzSec leader turned FBI informant
Traduzido por Vila Vudu
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