O Brasil descartou um contrato para compra de jatos F/A-18 da empresa Boeing, para comprar Gripens JAS 39 da empresa sueca Saab. A inesperada decisão de descartar a proposta dos EUA acontece na sequência do escândalo global sobre o envolvimento da Agência de Segurança Nacional dos EUA em atividades de espionagem econômica.
O anúncio da compra dos 36 jatos foi feito ontem pelo Ministro da Defesa, Celso Amorim, e pelo Comandante da Força Aérea do Brasil, Juniti Saito. Os jatos custarão US$4,5 bilhões, bem menos que o valor estimado de mercado (cerca de US$7 bilhões).
Saito disse que o desenvolvimento dos jatos acontecerá em conjunto com a Embraer e outras empresas não especificadas.
Os 12 jatos Mirage atualmente em uso na Força Aérea Brasileira (FAB) serão aposentados até o final desse ano. Foram comprados em 2005. Enquanto espera pelos novos aviões, a FAB usará os jatos estilo F5, viáveis até 2025.
Em visita a Brasília semana passada, o presidente da França, François Hollande, fez-se acompanhar de uma comitiva da qual fazia parte o presidente do Grupo Dassault, o que gerou especulações segundo as quais o fabricante francês teria vencido a disputa contra as empresas Saab e Boeing.
A disputa em torno de qual empresa venderia ao Brasil esses jatos começou no final da década de 1990, ainda durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, continuou durante os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chegou ao governo da atual presidenta Rousseff. Mas relatório da FAB de 2010 já indicava a preferência pelos jatos da Saab sueca, embora se dissesse que o então presidente Lula preferiria os Rafale, da Dassault, mais baratos.
Gripen JAS 39 em voo
No início desse ano, dizia-se que a Boeing norte-americana estaria bem próxima de consumar a venda, mas a descoberta, pelo governo do Brasil, de que a Agência de Segurança Nacional dos EUA estava espionando, inclusive, as comunicações do gabinete da presidenta Dilma, levaram o governo brasileiro a descartar a possibilidade de qualquer negócio com a empresa norte-americana.
A intromissão dos espiões da Agência de Segurança Nacional dos EUA pôs fim às chances da Boeing – disse à Reuters uma fonte do governo do Brasil.
O Ministro da Defesa, Celso Amorim, disse à rede Bloomberg que a proposta da Boeing, empresa com sede em Chicago, foi rejeitada em função do melhor desempenho e melhor preço dos aviões da sueca Saab e, também, porque os suecos “aceitaram a cláusula de transferência de tecnologia”.
O fracasso da “espionagem econômica”
O Brasil atualmente examina material divulgado pelo ex-empregado (terceirizado) da Agência de Segurança Nacional dos EUA, Edward Snowden, que comprova que a agência de espiões norte-americanos monitorou comunicações pessoais da Presidenta Rousseff e invadiu as redes de comunicações de ministérios brasileiros, procurando obter informação secreta. Dentre as instituições que foram alvo da espionagem norte-americana estão a gigante brasileira de petróleo, Petrobras, e o Ministério de Minas e Energia – o que desmente o que Washington disse, que não estaria interessada em “espionagem econômica”.
Dilma Rousseff e Barack Obama cumprimentam-se em 6/9/2013 (reunião do G20)
Em setembro, em discurso à Assembleia Geral da ONU, a Presidenta Rousseff reagiu com severidade contra a espionagem dos EUA contra seu país, classificando-a como “violação da legislação internacional”. E alertou que a espionagem norte-americana, já descoberta desde junho, ameaça a liberdade de expressão e a democracia.
Snowden prometeu ajudar o Brasil a contestar o programa de espionagem dos EUA contra o Brasil
Vários senadores brasileiros têm-me pedido que colabore nas investigações de crimes contra cidadãos brasileiros – escreveu Snowden em carta aberta publicada pelo jornal [só rindo! 8-)) (NTs)] Folha de S.Paulo.
Glenn Greenwald (E) e Edward Snowden (D)
Greenwald também desmentiu declarações de Washington, de que não haveria nenhuma atividade de espionagem econômica na ação da Agência de Segurança Nacional dos EUA.
Grande parte daquela espionagem nada tem a ver nem com terrorismo nem com segurança nacional. Esse é o pretexto. Ali se trata, sempre, de manipulação diplomática e de obter vantagem econômica – disse ele.Fontes:
- Rede Castor Photo: Brasil: “Espionagem dos EUA deu côs burros n’água”
- RT: 'NSA ruined it!' Brazil ditches Boeing jets, grants $4.5 bln contract to Saab
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