A imprensa corporativa está a mil com os protestos em Hong Kong, supostamente de estudantes e outros cidadãos pedindo democracia. O que nem todos sabem, e o que a imprensa não noticia, é que assim como outras revoluções coloridas que levaram a mudança de regime em outros países, quem está por trás destes protestos financiando e organizando desde o início são organizações fachadas do governo norte-americano.
Em Hong Kong, “grupos de estudantes” organizados tentaram ocupar prédios públicos e bloquearam algumas ruas. A Polícia fez o que qualquer Polícia faz onde essas coisas aconteçam. Usou esquadrões antitumultos, spray de pimenta e gás lacrimogêneo para impedir ocupações e desimpedir as ruas.
A imprensa-empresa ‘ocidental’ está indignadíssima, como se governos ‘ocidentais’ agissem de modo muito diferente.
A questão-pretexto, dessa vez, é a eleição do novo prefeito de Hong Kong, em 2017. Segundo a lei básica de Hong Kong, que foi implementada quando a Grã-Bretanha desistiu da ditadura que mantinha sobre a colônia, haverá eleições com sufrágio universal, todos podem votar, mas os candidatos ao cargo terão de ter seus nomes pré-aprovados por uma comissão especial. É o que a China prometeu fazer, e é o que os “estudantes” tentam fazer crer que seria a China, agora, a trair alguma promessa passada.
Peter Lee, codinome Chinahand escreveu uma brilhante coluna sobre o assunto, para Asia Times Online. Lee cometeu só um erro, porque não considerou a possibilidade de a ‘manifestação’ ter origem externa:
“A manifestação que se autodenomina “Occupy Hong Kong” decidiu ampliar, começando com boicote às aulas e manifestações de rua organizadas pela Federação de Estudantes de Hong Kong. E eu, que nunca me intimido ante novas metáforas, digo que o governo de Hong Kong jogou gasolina ao fogaréu, com sprays de pimenta e bombas de gás contra os jovens.”
Quem, de fato, “decidiu ampliar”? Para mim, as ‘manifestações’ e o correspondente noticiário ‘ocidental’ sobre elas exalam forte odor, não de gás lacrimogêneo, mas de um conhecido e caro perfume da griffe Revolução Colorida, fabricado no ‘ocidente’.
Consideremos então a sempre importante fonte de tão rara fragrância. O relatório anual de 2012 da organização National Endowment of Democracy (NED) [literalmente, “Dotação Nacional para a Democracia”], que é mantida pelo governo dos EUA, que também atende pelo nome de Agência Central para Promoção de Revoluções Coloridas [ACPRC], mostra três pagamentos para Hong Kong, um dos quais surge em 2012, ausente dos relatórios anuais prévios:
National Democratic Institute (NDI) for International Affairs - $460 mil
Para promover a conscientização sobre instituições políticas em Hong Kong e reforma do processo constitucional, e para desenvolver capacidades entre os cidadãos – especialmente entre alunos universitários – para que participem mais efetivamente no debate público sobre reforma política, o NDI trabalhará com organizações da sociedade civil sobre monitoramento de parlamentares, pesquisas e desenvolvimento de um portal Internet mediante o qual alunos e cidadãos possam explorar possíveis reformas que levem ao sufrágio universal.
Quer dizer que em 2012 (ainda não há números de 2013) o governo dos EUA entregou por lá quase meio milhão de dólares, para “desenvolver capacidades” de “alunos universitários” relacionadas à questão do “sufrágio universal” na eleição para o Executivo de Hong Kong. É isso.
Dois anos depois de o dinheiro começar a aparecer por lá, enviado pelo governo dos EUA, aqueles estudantes em Hong Kong saem às ruas, provocam tumultos e exigem exatamente o que o dinheiro do governo dos EUA queria ver exigido nas manchetes ‘jornalísticas’.
Mas... que impressionante coincidência, não é mesmo?
---
PS (1): Não há qualquer motivo para acreditar que a maioria da população em Hong Kong apoie as demandas dos ‘estudantes’ induzidas com dinheiro dos EUA. Hong Kong é metrópole de 7 milhões de habitantes. 10 ou 20 mil manifestantes é porção marginal da população: 0,2%.
PS (2): Já observamos há algum tempo que o novo esquema 2.0 para Revoluções Coloridas (vide Líbia, Síria, Ucrânia) inclui atualmente muita, muita violência:
As revoluções coloridas de antigamente converteram-se claramente em modelão para uso subsequente. Mas o conceito foi estendido para incluir vasto emprego de violência e de mercenários no ‘apoio’ das forças ‘locais’; mercenários e ‘apoio’ que vêm de fora, como armas, munição, treinamento e outras ferramentas.
Enquanto as Revoluções Coloridas de antes utilizavam quase que exclusivamente meios pacíficos, o objetivo hoje é fazer correr a maior quantidade possível de sangue pelas ruas e provocar o maior dano possível à infraestrutura local, para enfraquecer as forças que se oponham-resistam contra os golpes para mudar regimes. As autoridades em Hong Kong devem preparar-se, portanto, para muito mais do que apenas ‘manifestações’ de estudantes que “pedem democracia”.
PS (3): O National Democratic Institute (NDI) do governo dos EUA, através do qual o dinheiro foi encaminhado para lá, é o braço do Partido Democrata para campanhas pró-mudança de regime. Já está se intrometendo demais e financiando também várias outras organizações em Hong Kong. Esse tipo de agente externo tem de ser contido. *****
Traduzido por Vila Vudu
Leia mais:
[Fotos Venezuela] Como se Constrói a Encenação de 'Protestos' Antigoverno
Por que os Protestos na Rua não Funcionam
Fontes:
- Moon of Alabama: The (NED Financed) Hong Kong Riots
- NED National Endowment for Democracy
- Reuters: Hong Kong students storm government HQ to demand full democracy
- Wikipedia: Hong Kong Basic Law Article 45
- China Matters: Occupocalypse Now! ©
- Asia Times: Beijing reaps bitter fruit in Hong Kong
- NED: China (Hong Kong)
- Blog Anti Nova Ordem Mundial: Líbia, Síria e agora Ucrânia – Revolução Colorida à Força
- NDI: Hong Kong
Nenhum comentário:
Postar um comentário