Especialistas e ex-funcionários da inteligência avaliam para o site RT sobre o novo vazamento do WikiLeaks sobre o arsenal que a CIA utiliza para realizar seu hacking global.
As revelações do WikiLeaks sobre a CIA e o alcance de sua atividade, expõem um problema que vai muito além da segurança, pois afeta as empresas e a privacidade, e coloca em perigo a democracia, segundo comentam vários especialistas ao RT.
O site de vazamentos WikiLeaks que começou esta terça-feira a difundir milhares de documentos de um programa encoberto de hacking (ataques cibernéticos) da CIA, como parte de uma série de sete entregas, chamado Vault 7, o qual foi definido como o "maior vazamento de dados da Inteligência da história".
"Aspecto moderno de la ciberguerra"
O professor titular da Universidade RMIT em Melbourne (Austrália), Binoy Kampmark, opina que o novo vazamento "é potencialmente muito significativo", além de valioso e "particularmente ilustrativo", uma vez que ele pode revelar "um aspecto muito moderno de guerra cibernética".
O especialista lembra a palavras de Donald Trump, que disse que os EUA "tem que armar-se para o próximo conflito cibernético", dado que nos encontramos em uma "guerra cibernética".
"Luz em uma área escura"
Por sua parte, Larry Johnson, ex-analista da CIA, destaca que o material do WikiLeaks demonstra "o robusto e organizado que é o esforço da CIA, ao menos no exterior, de participar em atividades cibernéticas", jogando, além disso, "um pouco de luz em uma área escura que normalmente não é acessível ao público".
"Não é somente um problema de segurança: afeta os negócios"
John Safa, fundador da plataforma de troca de conteúdo e mensagem instantânea Pushfor, explica que sua maior preocupação está ligada às ferramentas de mensagem, já que os documentos vazados demonstraram que "muitas de nossas ferramentas populares, como WhatsApp e Telegram, foram hackeadas".
Safa acredita que o vazamento do WikiLeaks terá repercussões em muitos setores e indústrias, já que não é apensa um problema de segurança, mas que "também afeta os negócios".
"Estamos vivendo o '1984'"
A ex-funcionária do serviços de inteligência britânica MI5, Annie Machon, vai inclusive mais além e alerta que os dispositivos inteligentes dentro de nossas casas, como geladeiras ou televisores inteligentes, foram hackeados e eles os utilizam para espiar-nos. "Estamos vivendo o filme '1984' de George Orwell, no qual as telas em nossos apartamentos podem observar-nos", adverte.
A especialista explica que a expansão massiva da Internet e a tecnologia tornaram possível a espionagem "em escala industrial", de forma que nenhum de nós "tem um sentido inerente à privacidade", a menos que tomemos medidas extremas para protege-la "inclusive em nossas casas".
Estas novas realidades tecnológicas são "muito perigosas para o pleno funcionamento da democracia", porque "uma vez que você perde a sensação que tem privacidade para falar, escrever, assistir e ler", pode começar a auto censurar-se, e não poderá ser um cidadão "plenamente informado" que participa da democracia, detalha Machon para concluir que é "um caminho muito perigoso".
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