Os EUA e a União Europeia não concordam sobre a Ucrânia. Os europeus prefeririam não provocar os russos (calma lá! Eles fornecem o gás que aquece nossos lares) e prefeririam alguma concessão, como resultado na Ucrânia. Eis a razão pela qual a oferta de dinheiro que a União Europeia fez à Ucrânia foi, para começar, insultantemente pouco dinheiro, e teve de ser rejeitada. Os EUA querem confrontação com a Rússia e um regime fantoche completamente servil na Ucrânia. Embora Merkel queira instalar seu protegido e campeão de boxe Klitschko no poder na Ucrânia, ela não quer pagar por isso – pelo menos, não quer pagar muito. Os EUA não gostam da escolha de Merkel e querem pôr lá o seu próprio oligarca. A propósito disso, precisamente, foi que a secretária-assistente e neoconservadora Victoria Nuland enunciou seu “foda-se a União Europeia”.
Agora, os EUA conseguiram pôr abaixo toda a estrutura política na Ucrânia e querem passar a mão no show inteiro. Mas ainda querem que a Europa, especialmente a Alemanha, pague pela confusão toda.
Daí a coluna assinada hoje por um propagandista dos EUA, Ulrich Speck,[1] e publicada no New York Time: “O que o Ocidente deve fazer pela Ucrânia”:[2]
“Porque a oferta foi fraca demais, a porta foi escancarada para que o Sr. Putin a sabotasse e o Sr. Yanukovych a rejeitasse. Agora, a União Europeia tem de comparecer com uma oferta melhor: não apenas o status de associada, mas a condição de membro pleno....A Sra. Merkel tem agora de mostrar coragem e competência estratégica. Se a Europa Oriental tornar-se instável, a Alemanha também será afetada – e profundamente afetada. Só Berlim tem o peso e as conexões necessárias para trazer para bordo todos os atores chaves para tornar possível a mudança.”
Muito interessante é que, agora, o “ocidente” está reduzido a Berlim pagar a conta – e é só disso que se trata nessa ‘mensagem’. E... vocês perceberam a pequena ameaça que se ouve em “se a Europa Oriental tornar-se instável, a Alemanha também será afetada”? “Que bela casa a sua... Seria uma lástima ela ser destruída num incêndio.”
E houve também um lembrete adicional no fim da semana, para a Sra. Merkel, de que é melhor ela fazer o que a estão mandando fazer:[3]
“A Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA subiu o grau de vigilância contra altos funcionários do governo alemão, depois de Barack Obama ter ordenado que parassem de espionar a chanceler Angela Merkel – noticiou o jornal Bild am Sonntag no domingo.
...
Bild am Sonntag disse que recebeu a informação vazada de um alto funcionário da NSA empregado na Alemanha, e que entre os altos funcionários que estão sendo espionados está o ministro do Interior Thomas de Maiziere, confidente muito próximo de Merkel.”
Um “alto funcionário da NSA empregado na Alemanha” que conversa como o mais pró-EUA dos jornais da Alemanha não é sentinela que alerta sobre algum perigo iminente para o povo: é empregado distribuindo vazamento autorizado, enviado como ameaça contra alvo conhecido.
O aviso dado a Merkel é claro: Pague logo e nem pense em fazer acordo com Putin pelas nossas costas.
Traduzido por Vila Vudu
Referências:
[1] Carnegie Endowment for International Peace: Ulrich Speck
[2] The New York Times: What the West Must Do for Ukraine
[3] Reuters: U.S. now bugging German ministers in place of Merkel - report
Leia mais:
EUA e União Europeia: Juntos para Derrubar a Democracia na Ucrânia
Washington Desestabiliza a Ucrânia
Líbia, Síria e agora Ucrânia – Revolução Colorida à Força
Fontes:
Moon of Alabama: Ukraine: NSA "Leak" As A Threat To Merkel
Um comentário:
Não está longe o dia em que o Brasil vai sofrer com essas coisas...
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