Como escrevi há alguns dias, a narrativa dos
EUA está passando por uma sutil modificação (ver traduzido “Síria: Obama reexamina a opção militar”). Agora, o Secretário de Estado,
John Kerry já confirmou que o presidente Barack Obama pediu “várias opções” e uma “avaliação, por necessidade” está a caminho dentro do governo. Separadamente, Washington está também contando com Moscou para pressionar o governo sírio a ceder, o que, nesse caso, significa que o presidente Bashar al-Assad deve renunciar e abrir caminho para um arranjo “transicional”. Impossível essas duas vias serem mais coladas uma à outra.
Claramente, o acordo EUA-Rússia sobre a Síria – ou o que quer que houvesse desde julho passado – está sob estresse. Em discussão o apoio da Rússia ao regime Assad. A expectativa dos EUA parece ser que a Rússia possa e deva forçar Assad a deixar o poder, embora a influência de Moscou sobre a Síria talvez esteja sendo exagerada. Além disso, há uma fundamental diferença de opinião sobre o que Genebra-1, em julho passado, estaria dizendo com a palavra “transição” na Síria.
Os EUA voltaram também aos jabs de aquecimento no Conselho de Segurança da ONU, com planos para vir a prender a Rússia contra as cordas, como única voz contrária. Jabs de aquecimento, shadow boxing, porque a única questão à mão é a crise “humanitária” na Síria, mas Rússia (e China) suspeitarão (por boas razões) que a “crise” não passa de ponta do iceberg, a preparar o caminho para uma intervenção militar ocidental na fase seguinte.