A ferramenta de troca de mensagens acabou se tornando uma central de pornografia amadora, muitas vezes contra a vontade de quem aparece nas fotos e vídeos.
Em circunstâncias normais, isso não seria um problema. Acontece que as protagonistas desta história, em sua imensa maioria, estão ali contra a sua vontade – e são expostas de uma maneira literalmente incontrolável na era do smartphone. Na gíria popular, elas “caíram na net”. Se isso é uma novidade? De maneira alguma. Há um bom tempo o SMS, o email e o Messenger são usados por sujeitos de caráter escuso para divulgar suas conquistas sexuais.
Tratava-se de um processo relativamente lento, porém. O rapaz passava o material para um amigo, que repassava para outro e por aí a coisa andava. Mas a popularização do WhatsApp foi como botar um motor de McLaren numa engrenagem que andava em ritmo de Fiat 147. É comum as pessoas terem, hoje em dia, vários grupos no WhatsApp: faculdade, escola, trabalho, pôquer, futebol e por aí vamos. Bastam dois cliques (literalmente) para repassar qualquer arquivo para dezenas de pessoas em questão de segundos. E nem precisa dizer que esse arquivo, em 90% dos casos, é pornografia amadora. Quase sempre contra o consentimento da modelo, claro.
Nos últimos tempos, a prática tornou-se ainda mais sofisticada. Agora junto dos vídeos e fotos, são compartilhados print screens do perfil da garota no Facebook ou no Instagram, para que não haja dúvida quanto a sua identidade. E para deixar claro que ela “caiu na net” contra sua vontade – elevando o grau de qualidade do material, pois o proibido é mais gostoso – são compartilhadas também conversas da garota no próprio WhatsApp, nas quais ela mostra sua decepção por ter sido traída pelo parceiro. Às vezes há até o seu telefone, o que resulta invariavelmente no assédio de dezenas homens. É uma humilhação em dose completa, pode-se dizer assim.
Há uma corrente de pensamento que bota nelas a culpa disso acontecer. Afinal, quem mandou tirar a foto ou fazer um vídeo erótico? Mas dizer isso é tão absurdo quanto justificar um estupro porque a garota vestia uma saia curta demais: “Ela estava pedindo.” Poucas atitudes são tão covardes quanto trair e expor uma pessoa que confiou e se abriu para você. E não digo que os homens covardes são uma novidade de 2013. Eles apenas parecerem ter feito do WhatsApp seu habitat natural.
Leia mais:
Compra da WhatsApp pelo Facebook Contestada em Nome do Direito à Privacidade
Fontes:
Diário do centro do Mundo: O Whatsapp virou um armazém de pornografia involuntária
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