Fontes do jornal The Independent garantem que o ataque contra Homs serviu para pressionar Putin, e revelam um plano de futuras ações coordenadas por Londres e Washington.
O chanceler britânico, Boris Johnson, cancelou este sábado sua vista a Moscou, prevista para esta segunda-feira 10 de abril, segundo afirma um comunicado difundido através do site dos Ministério das Relações Exteriores britânico. O próprio Johnson explica que tomou a decisão porque "o desenrolar dos acontecimentos na Síria mudaram a situação de forma fundamental", bem como várias fontes do jornal The Independent garantem que sua decisão faz parte de um plano coordenado com os EUA.
Rex Tillerson, secretário de estado dos EUA, e Boris Johnson, ministro dos exteriores do Reino Unido, em Bruxelas, Bélgica, em 31 de março de 2017.
O jornal salienta que Johnson cancelou sua visita após conversar com seu homólogo americano, Rex Tillerson, após o ataque contra a base aérea síria de Shayrat, a qual abriu uma oportunidade para que os países ocidentais obriguem a Rússia a adotar uma posição mais benéfica para eles nas negociações de paz sobre a Síria.
Enquanto isso, a viagem de Tillerson à Rússia, prevista para os dias 11 e 12 de abril, continua na agenda de Washington. Neste sentido, segundo especialistas do jornal, Johnson se sentiu "tranquilo" por não ser ele quem "entregará a mensagem" ao Kremlin. Além disso, fontes do The Independent afirmam que ambos chanceleres decidiram que uma única viagem ao invés de duas, lhes permitiram apresentar uma posição comum.
Em que consiste o plano?
Johnson garante em seu comunicado que, atualmente, sua "prioridade" é "continuar contatando os EUA e os demais [países participantes] às vésperas da cimeira do G7", planejada para os dias 10 e 11 de abril, ou seja, antes da chegada de Tillerson a Moscou. O The Independent garante que isso permitirá ao chanceler britânico angariar mais apoios entre os países membro do grupo.
A base aérea Shayrat do exército sírio, na província de Homs, em 7 de abril de 2017.
O meio de comunicação aponta que Johnson instará a outros participantes a darem passos como a denúncia de que o presidente sírio, Bashar al Assad, exigiu a desmilitarização das forças russas naquele país árabe na elaboração de planos para "reconstruir a infraestrutura" relacionados com o acordo de paz.
Richard Dannatt, ex-chefe do Estado Maior das Forças Armadas do Reino Unido, afirmou que o bombardeio em Homs testemunha que os EUA "querem mostrar um pouco de liderança". "A diplomacia sempre é melhor se for respaldada pela força", conclui o militar, o qual confessa que não acredita que o ataque "inevitavelmente" leve a atividades militares futuras.
"O ocidente vive em sua própria realidade"
"Nossos colegas ocidentais parecem viver em sua própria realidade, na qual primeiro inventam planos coletivos de forma unilateral e depois - também de forma unilateral - os modificam", disse a porta-voz da chancelaria russa, María Zajárova, ao saber que Johnson havia cancelado sua viagem a Moscou, informa a agência RIA Novosti.
"Há muito tempo que a coerência e a estabilidade já não são o cartão de visitas da política exterior ocidental", lamentou a porta-voz russa, que também destacou que seu país "sempre" apoiou a criação de relações estáveis baseadas nas normas jurídicas internacionais.
* Os EUA lançaram nesta terça-feira 59 mísseis de cruzeiro Tomahawk contra a base aérea Shayrat do exército sírio. O ataque deixou mortos e feridos, incluindo civis e crianças.
* Washington justificou essa manobra pelo suposto ataque com armas químicas ocorrido em 4 de abril em Jan Sheijun, na localidade de Idlib (Síria), no qual morreram entre 58 e 100 pessoas.
* Vários altos funcionários da Rússia alegam que Washington adotou essa medida antes que investigassem os fatos. O presidente Vladimir Putin e o ministro dos Exteriores, Serguéi Lavrov, declararam que o ataque foi lançado sobre a base "com uma desculpa fictícia".
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